coragem: até onde está disposta a viver?
Com tudo que vem acontecendo nas redes sociais envolvendo a perda da brasileira Juliana Marins no Monte Rinjani e a queda do balão em Santa Catarina, me peguei pensando: O que será que eu quero fazer da minha vida?
Sempre fui extremamente medrosa e metódica, ao ponto da minha mãe já trazer questões - como a forma em que eu amarrava o cadarço do tênis, até as noites sem dormir porque o quarto estava muito escuro - na minha primeira sessão na terapia. E eu devo muito a ela por isso ( e muito mais!). Sou outra pessoas depois desses mais de três anos dedicados a cuidar da minha saúde mental. Eu finalmente entendi o que eu posso realmente fazer.
Ainda me lembro da primeira loucura que eu fiz: fui no Cristo Redentor. Minha mãe me perguntou várias vezes se eu realmente queria ir ou era só mais alguma coisa para provar para os outros que eu poderia ser tão corajosa quanto a minha irmã. A Júlia é a minha irmã. Ela vai fazer 20 anos esse ano e ainda é a garota mais maluca que eu conheço. Já sobreviveu a atropelamento por moto, carro capotado, festas insalubres. Pensei: não é possível que logo eu, que não apronto nem nada, não vou aguentar um ponto turístico?!
E eu realmente consegui. Chorei, dei birra, fiquei um bom tempo parada sozinha sem conseguir me mexer enquanto subia, mas eu consegui. A Júlia riu muito, tirou várias fotos de sacanagem mesmo, mas eu sei que ela também estava orgulhosa. Não é fácil superar nossos medos - eu ainda tenho medo de boneca por conta de uma serie que eu vi quando ainda era uma criancinha. O importante é ter coragem, assim como a Juliana teve ao enfrentar o Monte Rinjani.
Não cabe a nós julgar ninguém sem saber suas batalhas diárias. Que Deus conforte os corações da família e dos amigos dela. Ela se foi fazendo o que ela mais gostava, também quero muito ser assim.
Dito isso, uma lista de coisas que eu quero MUITO fazer antes de sei lá:
Pular de paraquedas;
Ir em um show da Beyoncé;
Correr uma maratona;
Fazer um Ironman (triatlo, no geral);
Jogar meu celular fora, usar só câmera analógica e fazer meu tão sonhado mochilão;
Sumir por um tempo e me reencontrar - desacelerar;
Me casar;
Raspar o cabelo;
Ser tia;
Ir no Tomorrowland com meu pai;
Desbravar algum país da Europa com a minha melhor amiga;
Ver a minha melhor amiga casar;
Participar de uma roda punk em um show de uma banda que eu gosto muito;
Ter uma biblioteca com várias plantinhas, velas e luz ambiente na minha futura casa;
Ter um Maverick, Impala, Puma ou Chevette
Andar de moto e ter uma Harley-Davidson
Ser poliglota e ter doutorado e mestrado;
Dançar “Ralando o Tchan” do È o Tchan nas pirâmides do Egito com a minha mãe;
Ouvir “Taj Mahal” do Jorge Ben no Taj Mahal (a versão do Monobloco tb serve) com meus pais;
Ir em um cinema céu aberto;
Ver o nascer do sol no Pico da Bandeira;
Assistir o pôr do sol no Arpoador, RJ;
Conhecer os cinemas de rua de todos os lugares que eu for;
Quebrar a casquinha de um Crème Brûlée em Paris, assim como a Amelie Poulain;
Visitar Crema, Itália;
Aumentar minha coleção de discos de vinil;
Comer a pizza de “Comer, Rezar e Amar”;
Ver a Aurora Boreal;
Conhecer a Tailândia e Indonésia;
Beber vinho em uma vinícola no interior da França com a minha mãe;
Assistir Formula 1 com o meu pai;
Ver um show do Metallica com o meu pai;
O mais importante: SER FELIZ :))
Vendo essa lista eu penso como sou complicada. Queria viver tudo que esse mundo tem para me oferecer, mas me sinto muito limitada pelo medo e consequências da existência. E o mais triste é que é bem provável que eu deixe esse mundo enquanto me esforçava em um trabalho que eu odiava, tendo me afastado completamente dos meus sonhos, meus propósitos. Mas vou juro que prometo que vou dar o meu melhor para que eu não faça o pior: decepcionar à mim mesma. Sou a única pessoa que vou conviver comigo mesma para o resto da minha vida, então porque simplesmente deixar de fazer as coisas que acendem e aquecem minha alma e coração, pensando em comentários alheios?